quinta-feira, 20 de novembro de 2008

CRISE FINANCEIRA
Nada será como antes

As instituições não podem permanecer imóveis diante de uma sociedade em plena mutação e em um mundo globalizado. Torna-se urgente redefinir o papel do Estado que, nos últimos anos, na Europa e América Latina, foi enfraquecido pelo lobby da governança mundial das agências internacionais
Marilza de Melo Foucher
(13/11/2008)
Talvez a crise financeira e econômica impulsionada pelo templo do capitalismo neoliberal seja salutar para a social-democracia e a esquerda democrática, levando-as a pensar na redefinição do papel do Estado no socialismo democrático. O capitalismo, como previu Marx se fez universal e, hoje, assistimos a sua crise. Entretanto, devemos tirar lições do acontecido no século passado, não ceder a falsas verdades, manteve um pensamento aberto a outros pontos de vista. O momento é de balanço e busca de alternativas para o enfrentamento da globalização excludente, o que depende da capacidade de esquerda para criar um novo universo político de transformação social de re-politização global da realidade.
A esquerda européia não deve se contentar em fazer o diagnóstico da crise financeira. Ela deve reagir e fazer proposições face à desordem internacional deixada pela governança mundial e ditada pela doutrina neoliberal. Infelizmente, entre 1980 e 1990, anos em que a democracia social esteve no poder em vários países europeus, a reação crítica à globalização econômica foi mínima. Tampouco houve oposição ao modo de governança mundial não compartilhada - consolidada no início dos anos 1990 pelas grandes organizações internacionais (FMI e Banco Mundial). Os governos das grandes potências, ditos socialistas ou social democratas, preferiram legitimar um novo imperialismo (multilateral), que, operado em forma de consórcio internacional, passou a ditar normas diretivas como referências maiores da doutrina econômica neoliberal.
As agências multilaterais prescreveram o receituário da “boa governança”, que refletia o poder hegemônico das finanças dos detentores do capital (norte-americanos e, em seguida, europeus). Eles pretendiam administrar o aparelho de Estado dos países do Sul, pelo centro do sistema do capitalismo mundial, neutralizando, dessa forma, o poder dos Estados como entidades reguladoras. Assim, os países periféricos, incluindo os emergentes, passaram a ser mais e mais desconsiderados no cenário internacional.
O mundo global em meio às normas neoliberais teria somente dois atores principais: as empresas e os consumidores. Para os teóricos da governança mundial, a concepção do Estado-Nação deveria ser enterrada. Esse passou a ser visto como intruso pelos novos teóricos. No seu lugar, deveria aparecer o Estado empreendedor - um bom acionista. Nesse sentido, se analisarmos a reação do presidente Bush, dos EUA, do presidente francês Sarkozy e da União Européia à crise, podemos afirmar que eles agem em coerência com a lógica neoliberal: o Estado intervém para salvar os bancos comerciais e passa ser acionista. Enquanto isso, na França, Sarkozy privatiza os serviços públicos e vai suprimir 13.600 postos de trabalho no setor da educação. O resto é retórica para ocupar o espaço da cena internacional e esquecer o resultado nefasto de sua política econômica destinada aos ricos.
A verdadeira solução para a crise não está em salvar a arquitetura atual do sistema financeiro
As medidas tomadas pelo poder central (Estados Unidos e Europa) de investir recursos públicos nos bancos comerciais que alimentaram a especulação financeira reforçam ainda mais a concentração de capital em patamares nunca vistos. Os recursos públicos devem ser investidos nos bancos de desenvolvimento. Não existe razão para que os bancos comerciais privatizem os lucros e o Estado seja chamado ou se ofereça para socializar com toda sociedade, as perdas oriundas da especulação financeira.
Criada para defender os interesses do mercado global, a governança mundial é quase uma estratégia de guerra econômica, onde os mais bem instrumentalizados dominam e impõe suas regras. Uma minoria governa sem legitimidade para uma maioria. O resultado das reformas adotadas pelo Estado neoliberal foi desastroso para o interesse geral das populações dos países do Sul. Quem pode esquecer do receituário do FMI imposto aos países da América do Sul recém saídos das ditaduras, tais como Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai? Os atores globais do neoliberalismo tentaram legitimar a idéia de que a sociedade e a economia podem por si mesmas se organizar sem a presença do Estado. Nesse sentido, ressalta-se o papel da mídia (em geral, controlada por grupos econômicos) na difusão desta concepção de governança por atores globais.
No momento em que a democracia triunfa na América do Sul, seus povos sonham com a constituição de um Estado-Nação que supere práticas ditatoriais, populistas e intervencionistas. Enquanto isso, os principais atores globais da “governança mundial” optam por um modo de organização da sociedade, centrada em torno do funcionamento “soberano” do mercado, sem regulação do Estado.
Como responder aos desafios da democracia, quando o papel do Estado se enfraquece no atendimento do cidadão e se fortalece para responder aos reclamos da política financeira sob controle dos grandes organismos internacionais e dos agentes transnacionais?
As crises econômicas transformavam-se em crises estruturais (sócio-econômica, política, cultural e ambiental) e atingiam seu patamar nos países periféricos. Raros foram os governos dos países do Norte que manifestaram sua solidariedade e solicitaram mudanças nas regras de regulação comercial internacional.
Todavia, uma governança mundial que governa sem governo, buscando “construir legitimidade” sem democracia representativa e resolve os conflitos internacionais sem necessidade de dispor de maioria, não pode perdurar diante do avanço da cidadania política dos países em crise que elegeram governos de esquerda e centro esquerda no continente sul-americano.
Pela primeira vez, as grandes potências percebem que a bolha especulativa navega pela rede mundial de computadores numa velocidade tal que os trilhões de dólares e euros se evaporam em segundos! Por falta de regulação mundial, a economia virtual entupiu-se de vírus que só o doutor Estado pode curar. Seus dirigentes aos poucos tomam consciência da desordem mundial, da qual foram os principais protagonistas. Daí as duras reações dos governos sul-americanos. Na abertura da 63ª Assembléia da ONU, Lula disse que a euforia dos especuladores transformou-se em angústia dos povos e acrescentou : “Está em curso a construção de uma nova geografia política, econômica e comercial no mundo. No passado, os navegantes miravam a estrela polar para ’encontrar o Norte’, como se dizia. Hoje, estamos procurando as soluções de nossos problemas contemplando as múltiplas dimensões de nosso Planeta. Nosso ’norte’ às vezes está no Sul”.
As condições propícias para a expansão do mercado global foram criadas, mas quem usufruiu desse sistema? Os mesmos que hoje decretam sua falência. Restou a ruína do Estado Providência, o último suporte de uma vida coletiva! O neoliberalismo nunca foi um modelo de desenvolvimento, mas de dominação. Como dizia o sociólogo suíço Jean Ziegler membro do Comitê Consultivo do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, "O ser humano deixou de ser centro para ser periferia!". Com a crise financeira, a consciência humana vai despertar, sobretudo nas democracias. A opinião pública vai entender a loucura deste neoliberalismo, desta poderosa potência de mão invisível do mercado, que baniu o homem como sujeito coletivo ou individual da história ou da economia.
Os que contribuíram na formulação do dogma anti-Estado voltam hoje a defendê-lo, não para que o Estado volte às funções para as quais foi criado, mas para salvar os bancos, transformando-se em Estado acionista. Dai os discursos de Bush e Sarkozy soarem como hipocrisia. Certamente a regulação mundial dos fluxos financeiros é necessária. Entretanto, a realidade demonstra que o esfacelamento do Estado, bem como o da coletividade, cedeu ao determinismo das bolsas de valores.
Os neoliberais querem socializar as perdas com aqueles que nunca foram convidados a compartilhar da mesa quando esta era farta. O pior é que eles encontram-se diante de um vazio institucional, com contornos mal definidos. O FMI não sabe como reagir diante da crise dos países ricos, e as reuniões da OMC continuam sendo diálogos de surdos. A governança mundial de ideologia neoliberal é morta e ninguém quer carregar seu caixão. Diante da impossibilidade da gestão da crise do sistema econômico mundial pelo neoliberalismo, os discursos proliferam para re-fundar o capitalismo. Os políticos e os economistas que substituíram Keynes por Milton Friedman, precursor do neoliberalismo, preferem ressuscitar Keynes para salvar a desordem mundial deixada pela prática neoliberal, que postulava às cegas a idéia de que a força do mercado por si só iria gerar progresso e impulsionar o desenvolvimento econômico. Agora, a tendência se inverte: o Estado deve ser reabilitado para regular o mercado e pagar a conta da derrocada do capitalismo neoliberal. O paradoxo é buscar soluções, no nível local, para a crise global. Agora, exige-se uma resposta política e não mais econômica.
Como transformar a fatalidade em oportunidades?
Os governos de esquerda e centro esquerda que estão no poder, ou, que se preparam para assumi-lo devem aproveitar as ambigüidades do discurso da direita sobre a volta do Estado, para propor uma nova engenharia do Estado republicano e democrático. Um Estado que guarde todos os fundamentos de seu papel como regulador da coesão territorial, política, econômica, social e ambiental. Um Estado que possa assegurar um eco-desenvolvimento consentâneo com cada realidade, construído dentro de uma visão sistêmica em que o econômico não seja predominante, e simplesmente inserido num sistema de produção de utilidade social e ambiental.
As instituições do Estado não podem permanecer imóveis diante de uma sociedade em plena mutação e em um mundo globalizado. Torna-se urgente redefinir o papel do Estado que, nos últimos anos, na Europa e América Latina, foi enfraquecido pelo lobby da governança mundial das agências internacionais. O Estado deve se fortalecer para responder aos desafios da crise estrutural deixada pela ideologia neoliberal.
Por isso, cabe ao Estado republicano e democrático instaurar uma governabilidade que esteja a serviço de um desenvolvimento economicamente eficiente, socialmente eqüitativo e ecologicamente sustentável. Este tipo de desenvolvimento se funda na busca de integração e de coerência das políticas setoriais. Por esta razão o eco-desenvolvimento territorial exige um tratamento conjunto dos efeitos econômicos, sociais e ambientais de todas as ações governamentais. Este procedimento holístico exige que a realidade seja diagnosticada a partir da visão pluridisciplinar.
A elaboração e execução de qualquer programa, plano, projeto e atividades concernentes ao eco-desenvolvimento territorial, devem ser viabilizadas através de relações de parcerias múltiplas, a partir de contratos de objetivos precisos na definição do papel de cada ator envolvido. Seu sucesso depende da reciprocidade da cooperação entre diferentes áreas do conhecimento, entre elas a economia, a sociologia, a geografia a ecologia, a biologia e a antropologia, bem como de diversos setores tais como o dos transportes, do saneamento básico, da infraestrutura urbana, do meio ambiente, da assistência social e o da organização territorial. Tudo com a presença de categorias e segmentos sociais representativos (segmento empresarial, instituições associativas, órgãos institucionais, e não governamentais, sindicatos), agindo em níveis de escalões territoriais diferentes, seja em termos local, regional, nacional e internacional. Não existe eco-desenvolvimento territorial sem visão integrada da realidade e sem participação ativa da cidadania política. A mobilização e o envolvimento de todos os atores da sociedade civil não significa instrumentalização, mas, colaboração na co-gestão do eco-desenvolvimento territorial. Todos os atores sociais devem ter a possibilidade de engajamento nos processos de decisão. Será somente através da participação da cidadania e de um procedimento integrado e articulado que o desenvolvimento garantirá sua sustentabilidade.
A utopia compartilhada é que faz avançar a história, e nos faz avançar na concepção de um mundo mais solidário. O socialismo democrático é possível.
A leitura na vida e na morte do Che
Para Guevara, a leitura foi como um filtro que lhe permitiu dar sentimento à experiência. Um espelho que a definia, dava-lhe forma. Além disso, a leitura serviu como metáfora da diferença entre sua vida política e a pessoal, permanecendo como um resto do passado, em meio à experiência da ação pura, do desprovimento e da violência
Tiago Nery
(13/11/2008)
No poema Lisboa revisitada, Fernando Pessoa escreveu: “(...) só és lembrado em duas datas, aniversariamente: quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste (..)”. Ernesto Che Guevara parece uma dessas pessoas que só são lembradas no aniversário de sua morte. Com freqüência, exalta-se a figura do herói-mártir do voluntarismo revolucionário, do guerrilheiro heróico. No último dia 14 de junho, Guevara completaria 80 anos. Mais uma vez, as poucas referências ao seu aniversário natalício não mencionaram outras dimensões da vida deste ser profundamente complexo e humano.
Guevara passou por várias metamorfoses ao longo da vida, e essas mutações bruscas foram a marca de sua personalidade. Teve muitas vidas simultâneas – a do viajante, a do médico, a do aventureiro, a do crítico social - que se condensaram e se cristalizaram, por fim, em sua experiência de condottiere, como gostava denominar-se. No entanto, pouco se escreveu sobre a paixão que tinha pela leitura, que remonta à sua infância, e que o acompanharia até seu assassinato na Bolívia.
De acordo com o próprio Guevara, seu interesse pela leitura começou ao tentar ocupar-se durante os ataques de asma, quando seus pais o obrigavam a ficar em casa, fazendo inalações prescritas por eles. Devido às crises, a mãe ensinou-o a ler, pois muitas vezes ele não pôde ir à escola. A partir de então, Guevara se transformou num leitor voraz. Alberto Granado, o amigo que o acompanhou na viagem pela América do Sul, ficou intrigado quando descobriu que o jovem Ernesto “já estava lendo Freud, gostava da poesia de Baudelaire e lera Dumas, Verlaine e Mallarmé em seu idioma original, bem como a maioria dos livros de Émile Zola, os clássicos argentinos, como o épico Facundo de Sarmiento, e as mais recentes obras de William Faulkner e Jonh Steinbeck”. [1]
Ao longo de sua trajetória, Guevara procurou unir a leitura à vida. Como leitor, buscava completar o sentido de sua vida por meio de imagens extraídas das leituras que fazia. Assim, viveu a partir de certos modelos de experiência que leu e procurou repetir e realizar; encontrou em cenas lidas um modelo ético de conduta, a forma pura da experiência. Cortázar escreveu um conto, sobre uma passagem na sua vida, em que el Che, ferido, pensando que está à morte, lembra-se de um relato que leu. Assim escreveu em Passagens da guerra revolucionária: “Na mesma hora comecei a pensar na melhor maneira de morrer, naquele minuto em que tudo parecia perdido. Lembrei-me de um velho conto de Jack London, em que o protagonista, apoiado no tronco de uma árvore, toma a decisão de acabar a vida com dignidade, ao saber-se condenado à morte, por congelamento, nas regiões geladas do Alasca. É a única imagem de que me lembro”.
A vida de Guevara foi marcada pela constante tensão entre o ato de ler e a ação política: a leitura, na figura sedentária do leitor e prática, do guerrilheiro que avança. Mais que paixão, a leitura era para ele uma dependência. “Minhas duas fraquezas fundamentais: o fumo e a leitura”. E leitura feita em situações de perigo, em situações extremas, fora de lugar, em circunstâncias de desorientação, de ameaça, de morte. A leitura opondo-se a um mundo hostil, como restos ou lembranças de outra vida. No excelente ensaio Ernesto Guevara, rastros de leitura, o escritor Ricardo Piglia define esses momentos do guerrilheiro nos intervalos da marcha contínua: “essas cenas de leitura seriam o vestígio de uma prática social. Trata-se de uma pegada - um tanto borrada -, de um uso do sentido que remete às relações entre os livros e a vida, entre as armas e as letras, entre a leitura e a realidade". [2]
Existem duas fotos extraordinárias da revolução cubana. Numa Che lia uma biografia de Goethe num acampamento guerrilheiro. A outra captou o momento em que lia na Bolívia, em cima de uma árvore, em meio à desolação e à experiência terrível. Trata-se de Guevara como o último leitor
Para Guevara, a leitura foi como um filtro que lhe permitiu dar sentimento à experiência. Um espelho que a definia, dava-lhe forma. Além disso, a leitura serviu como metáfora da diferença entre sua vida política e a pessoal, permanecendo como um resto do passado, em meio à experiência da ação pura, do desprovimento e da violência. Isso já era percebido no período da luta em Cuba. Em um testemunho sobre a experiência da guerra de libertação cubana, alguém afirma, referindo-se ao Che: “leitor incansável, abria um livro quando fazíamos uma parada, ao passo que nós, mortos de cansaço, fechávamos os olhos e tratávamos de dormir”. Há uma foto conhecida dessa época, em que lia uma biografia de Goethe num acampamento guerrilheiro. Outra foto extraordinária, captou o momento em que lia na Bolívia, em cima de uma árvore, em meio à desolação e à experiência terrível. Trata-se de Guevara como o último leitor.
Ademais, costumava registrar em seu diário a experiência pessoal e a coletiva a qual estava inserido inteiramente. Escrevendo, Guevara fixou a experiência em si, o que permitiria em seguida ler sua própria vida como se fosse a de outro, e reescrevê-la. No entanto, o Diário da Bolívia é excepcional, por não ter sido reescrito.
Na marcha da história, o leitor sobrevive em Guevara, sob o eterno conflito entre ação do ser político e a leitura do ser isolado, sedentário, reflexivo. Há um relato sobre o primeiro combate da guerrilha boliviana em que estava lendo estendido em sua rede, enquanto esperava o momento exato do início à emboscada. Ainda no país andino, quando por fim é capturado, no dia 8 de outubro de 1967, Che, sem forças, carregava seus livros, dos quais não abriu mão, enquanto todos os outros já se haviam desfeito daquele peso supérfluo.
Nos momentos finais de vida, uniram-se o Che leitor e o Che político, talvez porque estiveram juntos desde o início. Enquanto estava preso na escolinha de La Higuera, aguardando ser assassinado, Julia Cortés, professora e única a assumir uma atitude solidária com Ernesto, foi levar-lhe de casa um prato de comida. Quando entrou na sala, encontrou o Che jogado no chão, ferido. Então – e estas seriam suas últimas palavras - Guevara mostrou-lhe uma frase escrita na lousa e disse que a mesma não estava correta; com enfática perfeição, falou: “falta o acento”. A frase era “yo sé leer” (‘eu sei ler’). Por uma dessas ironias do destino, como um oráculo, uma cristalização quase perfeita, a frase que Guevara corrigiu tinha a ver com leitura.
Como afirma Ricardo Piglia, Guevara “morreu com dignidade, como o personagem de Jack London”. Morre o homem. Ficam suas idéias, sua determinação, seu exemplo.
[1] ANDERSON, JL. Che Guevara: uma biografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
[2] PIGLIA, R. O último leitor. São Paulo: Companhia das Letras, 2006

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Diga NÂO!

Criando um monstro (Karina dos Santos Cabral)
O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por… Nada?Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes? O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante.Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros não's nessa história toda. Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal seqüestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. N Ã O. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça. O mundo está carente de não's. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a seqüestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal. Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você. Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque. Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá (e a vida dá muitos) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante. Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranqüilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns não's de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara. Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os não's que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bela Morena
Bela Morena tu já vem chegando
Já estou gostando de te ver assim
O povo na praça está te esperando
Que é pra mudar essa vida tão ruim

Morena bela tu já vem chegando
Já estou gostando de te ver assim
O povo na praça está te esperando
Que é pra mudar essa vida tão ruim

Com um sorriso de quem já sofreu
No teu olhar vejo alegria
Esquece agora quem te fez chorar
Um novo tempo de esperança vai chegar, ô ô ô
Mas que gesto bonito, ô ô ô
Que teu povo faz
Santa Luzia tu merece amor
Santa Luzia tu merece paz (2X)

A canção popular que embalou o sonho de uma geração.
A importância da avaliação contínua.

O aluno passa por um processo de avaliação constante durante o período escolar. Atualmente ainda existem educadores que consideram o momento da avaliação somente ao aplicar as tão antigas “provas”. O educador que está sempre em busca do crescimento profissional, sabe que na realidade é tudo bem diferente.
Você enquanto educador, já parou para pensar o que engloba a avaliação e o porquê de se avaliar um aluno? Pois bem. Eis a questão a se refletir, educadores!
Em uma concepção pedagógica mais moderna, a educação é concebida como experiência de vivências múltiplas, agregando o desenvolvimento total do educando. A avaliação do processo de ensino e aprendizagem é contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular.
A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o processo, mas a prática de investigação, mas deve também, questionar a relação ensino-aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. Os erros são tidos como pistas que demonstram como o aluno está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que estão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão destes.
Ao avaliar um aluno, é possível verificar o que os alunos conhecem sobre um determinado conteúdo, orientando o professor de forma que possa planejar as atividades de acordo com as dificuldades dos alunos. Tal procedimento favorece o avanço de cada um deles durante o ano letivo.
A avaliação inicial é fundamental em qualquer disciplina e o ideal é que o professor coloque o aluno em contato direto com o conteúdo a ser ensinado, proporcionando a ele mobilizar e utilizar seus conhecimentos. É papel também do professor, conhecer seus alunos evitando que venha ensinar o que elas já sabem ou até mesmo ensinar o que não são capazes de entender. Ou seja, é uma questão complexa que deve ser tratada com bastante cautela.
Considera-se que uma das melhores maneiras de se avaliar um aluno inicialmente, é propondo a ele uma situação – problema, no qual ele irá vivenciar o momento e buscar uma forma de resolver dentro dos limites de seus conhecimentos. É fundamental que o educador tenha domínio da heterogeneidade de conhecimentos existentes em sua turma, pois através desta referência, poderá elaborar estratégias de ensino, bem como poder acompanhar a evolução coletiva e individual de suas turmas.
Por Elen Campos CaiadoGraduada em Fonoaudiologia e PedagogiaEquipe Brasil Escola

Essa é a nossa bandeira!
É por essas e outras que sinto orgulho de ser LUZIENSE!
Um grande abraço!
Prof. Edson Farias

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

UM OLHAR POR SANTA LUZIA
Ambiente de atuação: Município
Localização: Nordeste do Pará
Santa Luzia do Pará


Santa Luzia do Pará como a maioria dos municípios paraenses carrega em sua história o sentimento popular de um povo que sempre lutou por sua emancipação. O sentimento de liberdade e justiça está no brio e no sentimento deste povo.
A resistência e a mobilização são fatores e características de um povo que luta, mas também de um povo que brinca, reza, transmite seus sentimentos pela cultura.
Buscar apoio governamental para suas realizações na cultura, no esporte e no lazer.
Este blog é uma iniciativa do Vereador eleito, Prof. Edson Farias na perspectiva de proporcionar aos amigos e pesquisadores e a todo o povo desta terra a oportunidade de conhecer e se encantar pela Bela Morena do nordeste paraense.

PERFIL SÓCIO ECONOMICO E CULTURAL
MUNICIPIO DE SANTA LUZIA DO PARÁ
HISTÓRICO
O município de Santa Luzia do Pará foi criado através da Lei nº 5.688, de 13 de Dezembro de 1991, sancionada pelo então governador Jader Barbalho e publicada no Diário Oficial de 20 de dezembro de 1991, edição de nº 27.122. Foi desmembrado dos Municípios de Ourém, Bragança e Viseu, com sede na localidade de Santa Luzia, que passou à categoria de cidade, com a denominação de Santa Luzia do Pará.
Sua instalação oficial ocorreu no dia 1º de janeiro de 1993, quando tomaram posse o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores eleitos no pleito municipal de 03 de Outubro de 1992.
A ocupação inicial deste município foi motivado pela abertura da Rodovia federal Br- 316, a Belém-Brasília. De acordo com a publicação "Municípios Paraenses" (1990), seu primeiro morador foi Manoel Gaia, nordestino, que, seguindo os picos demarcatórios da futura rodovia, instalou-se em um dos marcos que viria a ser o Km - 47 dessa estrada, no sentido Capanema / Gurupi. Sua ocupação aumentou depois da inauguração, pois o grande tráfego abria novos horizontes para os que ali se estabeleciam. O primeiro nome dado à localidade foi " Dr. Tabosa" , em homenagem ao engenheiro responsável pela demarcação daquele trecho da rodovia. Como a população não assimilasse essa denominação, o lugar ficou conhecido como " Km - 47 " do Pará-Maranhão, pelo fato de ficar a 47 Km de Capanema.
Com a escolha de Santa Luzia para padroeira da localidade ganhou como denominação, o nome desta santa.
No dia 28 de abril de 1991 foi realizado o plebiscito para decidir sobre a emancipação municipal. Dos 5.746 eleitores, votaram apenas 3.611, sendo que 97,99% dos que votaram optaram pelo "sim" .
LIMITES:
Ao Norte - Municípios de Bragança e Tracuateua; A Leste - Municípios de Viseu, Nova Esperança do Piriá e Bragança; Ao Sul - Município de Nova Esperança do Piriá; A Oeste - Municípios de Garrafão do Norte, Capitão Poço e Ourém
LOCALIZAÇÃO:
Este Município pertence à Mesorregião Nordeste Paraense e a Microrregião Guamá. A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: 01º 27' 06" de latitude sul e 46º 57' 35" de longitude a oeste de Greenwich.
HIDROGRAFIA:
O principal destaque é definido pelo rio Caeté, com início da foz do Rio Grande, até a foz do Rio Curi, e por este até a sua nascente, e daí seguindo em linha reta até o Igarapé Jeju, seguindo-se o curso até sua foz no rio Peritoró, indo por este até sua nascente e daí pelo paralelo do sentido oeste até encontrar o divisor aquário dos Rios Guamá e Piriá, seguindo pelo divisor até a nascente do rio Tauari, seguindo-lhe até sua foz no Rio Guamá, indo por este até a foz do igarapé Tininga, acompanhando-o até sua nascente e daí, em linha reta, até encontrar o igarapé Arioré com a Quarta Travessa, seguindo por este igarapé até a foz do igarapé Furacão, subindo-lhe o curso até sua nascente e deste ponto vai em linha reta até a foz do Rio Grande, ponto inicial.